domingo, 16 de setembro de 2012

Já se passou algum tempo...

Fiquei sabendo que você está bem, que já arrumou outro alguém. Que da sua maneira, está sendo feliz. Estava olhando suas fotos e senti uma tristeza sem igual. Como foi que fomos parar nesse ponto? Chegamos a dizer "eu te amo" inúmeras vezes e hoje já nem nos falamos mais. Meu peito está doendo, o coração pequenininho...se eu pudesse sumir neste momento, eu o faria.

Você seguiu sua vida, eu fiquei. Com as lembranças, com os " e se"...com as promessas não cumpridas, com a dor, com as lágrimas, com a revolta, com a solidão. E o que eu faço com os planos agora? O que eu faço com aquela vida? Até parece que foi a mil anos, que foram outras pessoas. A vida que vivo agora é sem rumo, apenas por viver, todos os sonhos ficaram lá, na vida que você abandonou, sem nem me dizer o porque. Você me disse "desculpe", uma palavra que nesse momento não serve para nada, as suas desculpas não foram capazes de arrancar de mim essa angústia, ai como eu não queria ser humana, como eu queria ser capaz de não sentir nada. As vezes tenho ódio de ter te amado tão pura e verdadeiramente, de ter entregado minha alma, de ainda conseguir te amar, mesmo depois de tudo.

Me pergunto se ainda pensa em mim, mesmo que por alguns segundos no seu dia, se todo 13 de outubro você lembra que é meu aniversário, se tem saudade da minha voz, do meu toque, das minhas idéias, nem que seja só por lembrar, se sorri, se fica triste...qualquer sentimento. Porque mesmo não querendo, penso em você todos os dias, desde que "acabou". Tento dizer para mim mesma que o certo é levantar a cabeça e seguir em frente, afinal de contas tenho muito a viver. Mas palavras são tão pouco para o que está aqui dentro, e que não tenho ideia de quando vai se esvair de mim. Se algum dia vou me ver livre de você.

Me ver livre de todos aqueles anos, do som da sua voz, do seu sorriso, das suas idiotices, das suas atitudes, de tudo o que me machucou e ainda machuca. Me ver livre desse sentimento doentio, desse ciclo vicioso que você se tornou para mim. Poder escrever coisas alegres, e não ter inspiração só quando estou triste, só quando penso em você e em tudo o que vivi. Cheguei a pensar que só escrevo coisas "boas" quando estou para baixo e minha auto-estima lá no chão, revendo tudo vejo que é verdade, a maioria dos textos provém de ti, do passado não tão distante. Já se passaram meses e dói como doeu no momento em que você disse "adeus". Não passou e não sei se um dia passará.

(Camilla Leandro).

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A droga do amor.

- Amar é perigoso. - Sei disso - respondi. - Já amei antes. Amar é como uma droga. No começo vem a sensação de euforia, de total entrega. Depois, no dia seguinte, você quer mais. Ainda não se viciou, mas gostou da sensação, e acha que pode mantê-la sob controle. Pensa na pessoa amada durante dois minutos e esquece por três horas. "Mas aos poucos, você se acostuma com aquela pessoa, e passa a depender completamente dela. Então pensa por três horas, e esquece por dois minutos. Se ela não está perto, você experimenta as mesma sensações que os viciados têm quando não conseguem a droga. Neste momento, assim como os viciados roubam e se humilham para conseguir o que precisam, você está disposto a fazer qualquer coisa pelo amor".

Título salpicado por Camilla Leandro.
(Autor desconhecido).

Sozinha a te olhar.

Não sei bem como começar. Queria saber juntar todas as palavras e dizer de uma vez tudo o que está aqui, pronto pra explodir. Mas que fica, que insiste em me oprimir. Tudo o que eu escrevo é sobre você, cada música que escuto parece falar de nós, cada segundo do meu dia é preenchido pela sua imagem, durmo, sonho e acordo imaginando como seria te tocar. Eu não sei como explicar, já faz um tempo que você ocupa meus pensamentos. Nem lembro como tudo começou, quando dei por mim já estava mergulhada em ti. Nos seus olhos, no seu sorriso, no seu modo de andar, no seu jeito todo particular de posar para uma foto, no jeito como me olha e como pronuncia meu nome. O som da sua voz faz estremecer cada músculo do meu corpo e mesmo que longe, consigo sentir sua presença. Por um momento achei ter te visto de relance, assim só por um segundo. A esperança de vê-lo fez nascer algo dentro de mim, que eu nem sabia que existia. Mas que murchara quase com a mesma rapidez, quando me vi olhando para um estranho. Mas o que você realmente é? Se não um estranho? Talvez tenha sido você. Talvez.

Tudo em você me encanta, me prende, me fascina. Não sei ao certo o porque, só sei que é assim. A maioria das pessoas não entende porque não sigo minha vida em frente, nem eu mesma entendo. Mas não posso me livrar, não posso fingir e nem fugir. Você me tem prisioneira, por toda a vida. Eu simplesmente não posso te deixar, mesmo que nunca tenha me pertencido. Algumas vezes quis me ver livre, mas vi que não existe vida além de ti ou talvez exista, mas ter você aqui dentro, é o que basta. Por algum tempo. Pensamentos assim povoam a minha cabeça, antes que a solidão da sua ausência se aflija sobre mim e eu queira novamente morrer. Sumir. Porque sim, as vezes vem-me á cabeça a verdade explícita e violenta de que nunca será meu. Nossos mundos estão separados, não só geograficamente. Tudo se desencontra. Absolutamente tudo, não há nada certo. Nada, nunca houve.

Eu daria tudo para que você sentisse pelo menos um pouquinho do que eu sinto por você. Para que sentisse a intensidade, a alegria, a dor, a solidão, a incerteza, o medo. Uma enxurrada de sentimentos, capazes de provocar dores de cabeça e ânsias de vômito. Mas sobretudo, para que você sentisse a insegurança, de perder algo que nunca teve. Da dor de dizer que nunca haverá um "nós", que nunca terá aquilo que mais ama na vida. Que sua essência se perdera, que não há mais razões para ficar e continuar. Porém, esse desejo é impossível. Pois, esse fardo é somente meu. Meu destino, tenho que lidar com ele. Mesmo que seja a duras penas. Talvez seja esse sofrimento que me mantém viva. Porque se eu não o tiver, o que será de mim? Uma ilusão sem fim.

(Camilla Leandro).

domingo, 26 de junho de 2011

Vingança I




Ela estava sentada, amarrada a cadeira. Não poderia mexer os pés e nem as mãos. A mordaça apertava a sua boca, estava inconsciente. Peguei uma cadeira, coloquei bem em frente a sua, sentei-me. A faca ainda estava em minha mão, nem a percebia, era como se fizesse parte de mim. Fiquei fitando-a por muito tempo, não sei lhe dizer o quanto. A vendo desse jeito, frágil, vulnerável, imóvel, capturada fica difícil de lembrar de como era a um tempo atrás. Era destemida, segura, auto-suficiente e no entanto foi pega. Gargalhei ao pensar dessa forma, aqui ela não parecia tão segura de si. Meu rosto ficou sombrio novamente, esperei até que acordasse lentamente. Olhou todo o quarto, não sabia onde estava, ficou assustada. Percebeu minha presença em sua frente, lágrimas caiam, implorando que eu a soltasse. Infelizmente eu não podia fazer isso. A diversão nem tinha começado. Ela soluçava em silêncio e eu não conseguia tirar os olhos dela. Minha cabeça girava, em turbilhões de pensamentos e sentimentos. Eu esperei por esse momento, por muito, muito tempo. Tinha que ser perfeito. Uma hora depois do seu despertar, me levantei, fui até ela, tirei sua mordaça e joguei no chão. Depois a rodeei, até que eu ficasse atrás dela. Me abaixei bem lentamente, afastei seus cabelos do ombro, ela tremia. Falei em um sussurro: - Não precisava ser assim, mas a escolha foi sua e agora não tenho como voltar atrás. Ela no entanto, chorou ainda mais. Estava apavorada, o que é engraçado. Não havia feito nada com ela. - Por favor, me deixe ir. Eu juro que não conto para ninguém, eu vou embora da cidade. Nunca mais você vai me ver. Por favor. Não contive a risada, não conseguia controlar minhas ações. Lhe proferi um tapa com as costas da mão, o que fez sua cabeça tombar para o lado, agarrei seu queixo e aproximei meu rosto muito perto do dela. - Você acha mesmo que vai ser tão fácil assim? Que é só pedir por favor, choramingar que eu vou ceder? Não! Agora eu estava gritando, - Eu já aguentei demais, agora é minha vez de atacar. Um dia é da caça e o outro é do caçador. E você é a caça. Soltei seu rosto, estava vermelho pelo tapa e isso me deixava satisfeita. Andei por todo o quarto, ainda estava pensando no meu ato seguinte. Me sentei de novo na cadeira em sua frente. - Vamos conversar Bella. Ela continuava a chorar, mas me olhava de um jeito diferente. Acho que estava com raiva de mim. - Por muito tempo, eu me perguntei porque você fazia aquelas coisas comigo. Eu era uma criança, eu queria ser como minha irmã mais velha sabe? Eu te admirava. Mas você sempre conseguia me por para baixo... Ela me interrompeu antes que eu terminasse a minha frase, - Eu sei que errei Jo, que eu errei muito com você. Me perdoe. Me levantei bruscamente, ela estava brincando com fogo. - Te perdoar? Minha vida foi um inferno por sua causa. Somente sua. Você roubou tudo o que eu amava. Você colocava a culpa sempre em mim. Afinal, nem sua irmã de verdade eu sou não é? Lembra, da vez em que você disse que nem meus pais biológicos me quiseram? Agora minhas lágrimas também saltaram, limpei-as rapidamente, fraqueza era algo que eu não aceitava. - Eu era uma adolescente que não media as consequências do que eu falava, eu só queria te alugar. Eu sei que é errado descontar nos outros, mas eu não sabia o que estava fazendo. Ri novamente, é engraçado que sempre fazia isso. Chorava e ria ao mesmo tempo. - Graças a você Bella, eu não tenho mais nada a perder. Abri meus braços, num gesto que significava que não tinha nada a não ser eu mesma. - Eu não tenho família, eu não tenho amigos, eu não tenho o homem que eu amo, eu não tenho minha filha. Nada, não me sobrou nada. Você conseguiu tudo, parabéns. Comecei a bater palmas para ela. Cheguei perto outra vez. - Porque? só me diz o motivo. Porque você fez isso comigo? meu olhar era insano, pude ver isso por sua expressão, aproximei a faca de seu rosto, percorri inteiro com a ponta afiada. - Eu...eu sempre quis ter tudo o que você tinha. Meus pais gostavam mais da filha adotiva. Mark nunca olhou para mim, ele se interessou por você, ele pediu você em casamento e não eu. Eu não achava justo, ta legal? Porque você merecia mais do que eu? Ela gritava, fiquei me perguntando quem era mais louca, eu ou ela? Suas palavras mexeram comigo, nunca achei que era esse o propósito. Apenas ser igual a mim? Impossível. Eu nunca fui melhor que ela, isso era irreal.

(Camilla Leandro).

Vingança II

- Você sempre teve tudo o que quis. Você fez que fez até acabar com a minha vida. Você conseguiu Bella, você matou a minha filha, você fez ele acreditar que eu fui a culpada. Você o teve por completo. Porém não era o bastante não é? Taquei o abajur na parede oposta, eu queria quebrar tudo, gritar, matá-la. - É eu fiz tudo isso mesmo, mas ele não me olhava da mesma forma que olha pra você. Consegui ter sua presença, mas não o amor. Ele ama você e isso não é justo. Eu sempre fiz tudo por ele, tudo. Ele tinha que ficar comigo.Não aguentei e parti pra cima dela, a desamarrei, joguei-a na cama, e comecei a golpeá-la, arranha-la. Agora ela também queria revidar, nos batemos até perder as forças e cair cada uma para um lado do quarto. Me sucumbi ás lagrimas. Estava cansada, fisicamente e emocionalmente. - Sabe, foi você que me deixou assim. Com todo esse ódio em meu peito. Afinal, acho que me igualei a você. Me odeio por isso, mas é a verdade. Como disse, não tenho nada a perder e todas as nossas contas serão acertadas hoje. Ela riu de mim, sínica. - Acho que não irmãzinha, logo Mark vai saber onde estou. Quando você estava me trazendo para cá, ele estava no celular. Daqui a pouco, ele chega com a polícia e você vai apodrecer na cadeia. Ela debochava, sentou-se na cama e tinha uma expressão de triunfo no rosto. Me levantei, arrumei meu cabelo. - Não, acredito que nem vou responder por sequestro. Como eu disse, eu me igualei a você. E a única arma infalível que eu tinha era pensar como você pensaria. Totalmente previsível. E eu consegui. Me olhou surpresa, se esforçando para não demonstrar a confusão. - Do que você está falando? Sorri de lado. - Olha lá em cima, está vendo? é uma câmera. Que transmite a imagem e som ao vivo para uma van que está parada ali do outro lado da rua. O agente Jake Burnes, me deu apoio nessa idéia. E sabe do que mais? Isso não era suficiente pra mim. A mesma imagem e o mesmo áudio é transmitido também para o notebook do Mark, a essa hora ele deve estar arrependido do que fez. Ela me olhava com ódio, toda a verdade a tona dessa vez. Ela veio para cima de mim, me jogou no chão com uma ferocidade surpreendente. Foi quando a porta foi quase arrancada da parede. A tiraram de cima de mim, a algemaram. No mesmo momento em que Burnes me ajudava a levantar, ela gritou: - Você vai se arrepender disso Joane, você me paga. Dei um tchauzinho antes que a tirasse do quarto. - Sua irmã não vai sair nunca mais da cadeia Jo.Vai responder por homicídio contra a sua filha, por falsidade ideológica e vários outros delitos. Dessa vez você está livre dela. Suspirei. - Ela não é minha irmã, Jake. No dia seguinte já estava em meu apartamento arrumando minhas coisas, quando a campainha tocou. Olhei pelo olho mágico da porta e hesitei em abrir. - Oi, eu acho que a gente tem que conversar. Mark estava parado na minha frente, não disse nada, apenas dei passagem para que entrasse. Fechei a porta. - Sobre o que?Ele não sabia como encontrar as palavras, cruzei os braços. - Sobre tudo o que aconteceu. Eu me deixei enganar por ela, eu estava tão abalado pelo o que aconteceu com a Katie que fiquei cego. Eu nunca podia imaginar isso. Aquilo me deixou irritada. - Você não pode acreditar que ela foi a assassina da nossa filha, mas acreditar que a culpa era minha foi fácil não é? Olha, eu só queria que você soubesse a verdade. Só isso. Nós não temos nada do que conversar.Ele se aproximou de mim, me segurava com as duas mãos. - Por favor me perdoa, eu sei que fui injusto. Mas agora eu já sei a verdade e a gente pode recomeçar. Sei lá, morar em outra cidade. Vida nova. Me desvincilhei do seu aperto, o olhei com indignação. - Não Mark não dá para fingir que nada aconteceu. Você está certo, eu vou ter uma vida nova, no qual você não tem espaço. Ele suava de impaciência, de vergonha talvez. - Por favor, eu juro... Não me contive. - Vai embora da minha casa. Ele insistia, - Não, vamos conversar. Fui até a porta, a abri. - AGORA! Ele saiu, bati a porta com muita força. Lágrimas rolaram pelo meu rosto, respirei fundo e continuei o que estava fazendo. De tarde, confirmei o contrato com o comprador do meu apartamento, tudo certo. Coloquei todas as minhas malas no carro. Dirigi por horas até chegar na cidade de Lawrence. Estava exausta, mas feliz. Agora eu podia recomeçar a minha vida. Esquecer aquele pesadelo. Anos se passaram, eu me casei e tive um filho chamado Jake, sim em homenagem a única pessoa que acreditou em mim no passado. Eles me fizeram esquecer tudo. Até que vi no noticiário, a morte de uma presidiária chamada Bella, que foi condenada pelo homicídio de uma garotinha de 5 anos. Esse foi o fim dela, e fiquei sabendo também que Mark, conseguiu ir embora para outro país, depois disso ninguém mais soube nada dele. Eu estava em paz, como nunca achei que estivesse um dia.

(Camilla Leandro).

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tarde demais

Annie e eu fomos criados juntos, parece até que minha vida começou após ela se mudar para a nossa rua, tínhamos 9 anos. Ela era bem pequena para a sua idade, quieta, tímida. Tinha os olhos azuis e o cabelo loiro que sempre ficava solto, costumava usar um vestido azul claro, eu adorava aquele vestido. Quando sorria tudo em volta parava, eu ficava vidrado nela, brincávamos juntos, iamos até a cachoeira, andávamos de bicicleta, aliás foi eu quem a ensinou a andar. Todas as tardes eram com ela, inseparáveis. Crescemos, a adolescência bateu na porta e junto com ela as descobertas, Annie era minha melhor amiga e eu faria tudo por ela, mas quando eu digo tudo, é tudo mesmo. Tinha ciúmes quando algum garoto se aproximava dela, ciúmes de irmão é claro, pelo menos na época era assim que eu via. Mas Annie não era muito de sair e de ficar com outras pessoas, nós passávamos muito tempo juntos, nos pertencíamos. Isso me deixava seguro, ela sempre estaria do meu lado, não importa o que acontecesse. Algumas pessoas diziam coisas dela para mim do qual eu nunca prestei a atenção, quando estávamos quase com 17 anos, muitas pessoas diziam, olha Luke a Annie gosta de você, mas não só como irmão. Eu não acreditava, pelo menos no começo não. Ela era minha amiga, minha irmã. Mas sabe quando seu subconsciente desperta aquilo que sempre esteve na sua frente? Isso começou a me incomodar, eu ficava horas pensando se era possível. Uma vez fomos em uma chácara abandonada, sentamos em baixo de uma árvore, Annie levou seu livro para pintar, estava do lado dela, não conseguia desviar meu olhar, minha cabeça estava a mil, pensando se era certo ou não fazer o que eu queria fazer. Não queria perder sua amizade, mas o impulso foi mais forte que eu. Quando ela se virou para me dizer algo, eu lhe dei um beijo na boca. Nos levantamos de repente, ela estava muito vermelha, não me disse nada apenas saiu. Fiquei alguns dias sem vê-la, não me respondia recados, estava me evitando. Era o que eu mais temia, mas....ela gostava de mim, não? Meu coração dizia que sim, eu podia sentir. Alguns dias depois recebo a notícia de que ela irá viajar, não aguentei e fui até sua casa, subi até seu quarto e bati na porta, Annie me recebeu com aquele sorriso lindo que me deixava desnorteado, então quer dizer que ela não estava com raiva de mim, respirei aliviado. Parecia que ela havia apagado o episódio do beijo de sua memória, mas eu não iria citar, ela estava alegre e não queria que se afastasse de novo. Conversamos por horas, ela me contara tudo sobre a viajem, eu ouvia e sorria para incentiva-la porém a minha vontade era de amarrá-la na cama para que ela não fosse. Quando fui embora não aguentei e desabei, percebi talvez um pouco tarde de que eu era um irmão para Annie. Ela viajou, ficou meses fora, nos falávamos as vezes. Nesse tempo conheci outras pessoas, aquele sentimento foi esfriando dentro de mim. Quando vi havia três anos que Annie tinha viajado, de repente ouço o telefone tocar, era ela avisando que voltara com uma surpresa. O sentimento de 3 anos atrás voltara com força total, corri para meu quarto, tomei banho, me arrumei e fui até a casa dela espera-la. Minutos depois o táxi a deixa lá, eu tremia de excitação, tanto que não percebi o rapaz atrás dela, ela me abraçou como nunca tinha feito antes, após alguns momentos ela me entrega um convite. - Luke eu quero que você seja padrinho do nosso casamento. E abraçou o rapaz que agora eu via perfeitamente, um nó fechou a minha garganta, por alguns instantes eu apenas a fitei, como quem olha o nada. Respondi - Claro, parabéns irmãzinha. Ela me abraçou novamente, irradiava felicidade. Eu teria que ficar feliz por ela, mas meu amor era maior que isso, alguns anos depois eu realmente aceitei de que eu sempre fora apaixonado por ela, mas parecia que tinha uma venda em meus olhos, meu ego não queria aceitar de que ela só me via como amigo ou como um irmão. Após a festa de noivado fui para a minha casa, Annie iria morar na mesma rua que a gente, na casa do lado da dos seus pais. Eu não iria suportar, arrumei minhas malas, escrevi um bilhete a Annie dizendo que não ia poder ficar, aos 20 anos peguei meu carro, me despedi dos meus pais com relutância. Quando entro no carro vejo Annie na janela de sua casa me vendo partir, ela tinha o olhar surpreso, como se não acreditasse naquilo, porque afinal nosso lema era "Sempre um do lado do outro". Porém era demais, era insuportável essa idéia. Aquela imagem ficou gravada em minha mente até os últimos dias da minha vida, nunca mais voltei para aquela cidade, nunca mais a vi. A menina de vestido azul sempre fora uma ilusão para mim, o único jeito foi fugir.

(Camilla Leandro).

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Obsessão

Eu tento, eu sei que tento e você também sabe. Isso é frustrante, repulsivo. Ah se eu pudesse escolher...eu não quero isso e acredito que você também não queira, ninguém quer. Porque dói, fere, lágrimas estão sempre presentes mesmo que você não se importe. Elas me rasgam como garras de um monstro com sede de sangue, me cravam espinhos de uma rosa murcha que paira triste sobre mim. O grito não sai, o coração parece que vai saltar pela boca, sem ar...pálpebras pesadas, corpo cansado, exausto. Isso me consome por inteira, e você? Ah você continuará sendo você, não importa o que aconteça. Sinto que aos poucos estou me desintegrando, pedaços de mim rolam por ai, por todo lugar onde você passa. O rosto pega fogo quando meus olhos cabisbaixos enxergam sua silhueta, tremedeira, insegurança, dor....e você? Ah você nem percebe, nunca percebeu, não te culpo! Ser invisível se tornou rotineiro, talvez eu mesma tenho me feito transparente, é mais cômodo sabe? As vezes o canto e o silêncio são melhores do que a idéia de ouvir um não, ou apenas ser ignorada de um modo direto. Mas mesmo sabendo disso tudo eu aguento, por você eu faria tudo. Quem ama sabe, racionalizar é raro, o que significa isso mesmo? Enquanto esse turbilhão de coisas varrem minha cabeça você segue em frente, enquanto eu me enterro, você vai continuar seguindo em frente...sem olhar para trás. Sem ver nem que seja por um segundo que eu estive aqui o tempo todo, só você não viu.

(Camilla Leandro).