Como sempre estava atrasada para chegar a aula de música. Tinha saido da livraria o mais rápido que pude e mesmo assim não iria conseguir ser pontual. Essa noite a lua estava muito clara e o céu bem limpo, não havia estrelas, era apenas aquele azul escuro. Bateu um ventinho que fez meus cabelos levantarem dos ombros, fechei todos os botões do meu sobretudo e comecei a andar em direção a rua principal, tinha muito chão pela frente até chegar lá. No meio do caminho até pensei em desistir, ia chegar atrasada mesmo. Mas decidi continuar. Sabe aquela sensação de estar sendo seguida? Observada? Acredito que todos nós já nos sentimos assim alguma vez. Caminhava um pouco mais rápido sem olhar para nenhum lugar, apenas focando o fim da rua, queria passar logo aquela parte escura e deserta do bairro. Virei á direita e me arrependo por ter feito isso, não havia ninguém na rua e eu não iria voltar, então comecei a andar mais rápido, quase correndo por aquela rua que mais parecia um beco, ao menos era um atalho para chegar mais rápido a escola. Um silêncio mortal pairou naquele bairro, nem barulho de carros eu ouvia. Só meu próprio coração que parecia que ia sair pela boca. Comecei a suar frio e ouvir os passos de alguém atrás de mim. Rezava baixinho para encontrar alguém em meu caminho, não resisti e olhei por cima do meu ombro. Não sei se foi minha imaginação mas o que eu vi foi um homem muito alto com um sobretudo parecido com o meu e um chapéu que escondia parte de seu rosto. Corri o mais rápido que pude, estava quase no fim da rua para entrar em outra mais iluminada, foi quando ele me alcançou e me atirou contra a parede. Senti uma dor aguda na cabeça, fiquei meio tonta e vi que ele se encaminhava novamente para mim com os punhos cerrados, me esquivei e corri como se minha vida dependesse disso e dependia. Entrei em uma avenida totalmente iluminada, olhava a todo instante para trás, ele ainda corria atrás de mim, apertei mais a corrida, até que avistei um guarda na frente de um prédio. Agarrei-o pelo colarinho de sua farda e disse: - Guarda aquele homem me atacou, me ajuda por favor - E as lágrimas corriam pelo meu rosto, as palavras se atrapalhavam em minha boca. O guarda tentou me acalmar e apontou a rua, - Não tem ninguém lá - Eu olhei atordoada, ele havia sumido de repente e depois virei-me para ele - Ele deve ter fugido, chame a polícia - O guarda me olhou meio confuso e me disse o que eu não queria acreditar. - Moça, a senhorita estava correndo sozinha desde o começo da rua.
(Camilla Leandro).
A nossa mente nos prega peças, mas, estas às vezes são tão reais que nunca saberemos mesmo se foi verdade ou um delírio. Nós temos sempre outro alguém dentro de nossa mente, que vive outra vida.
ResponderExcluirSabe o que acho? Que você é muito boa em contos de terror, poderia investir nisso Diva. ;)
Sim, várias vezes já me peguei com essa sensação de estar sendo observada. Somos tomadas pelo nosso outro "eu", que está apenas em nossa mente.
ResponderExcluirAh valeu amor, eu deixo a imaginação fluir e esses são os resultados rs. Obrigada por sempre comentar s2
O mais trágico de tudo é quando você percebe que quem te segue é a tua própria sombra. Porque, dela, é um pouco difícil se livrar.
ResponderExcluirP.S.: não me agradeça, nem pensar. E, aliás, precisamos de tempo para conversar mais, poax ♥
Pois é mesmo amor, passe-me seu msn :) Beijos ♥
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